Nunca me dediquei tanto. Nunca tive um treino tão específico. Nunca tive um plano de treinos tão longo. Nunca uma gripe me chateou me deitou tanto abaixo. Nem nunca sequer tive tanto tempo sem publicar nada aqui. Isto tudo por causa de um único objetivo: a Maratona.
Tudo começou no Verão do ano passado. Eu e o André Filipe, o meu treinador, definimos que o plano começava logo a seguir à minha paragem para descansar. O plano de ataque? Primeiras semanas com poucos treinos, curtos e lentos. Lentamente, a carga foi aumentando. Mais dias de treino, treinos com maior duração mas tudo era apenas uma pequena amostra daquilo que me esperava nos próximos meses.
Sigam-me no Strava para ver todos os treinos: strava.com/athletes/voliveira89
Para terem uma noção, comecei a treinar na semana de 16 de Julho e fiz 45.2km. Passados dois meses na semana de 17 de Setembro já estava com 106.9km. Mas já sei como isto funciona, por isso vamos a números:
Desde o dia 1 de Outubro:
Nas épocas passadas o meu número de quilómetros semanal variava sempre entre os 80km e 90km, tendo picos ocasionais de 100km. Durante os últimos meses houve semanas em que durante a semana cheguei a fazer treinos de 1h45m, enquanto nas épocas anteriores um treino normal era entre os 45 e 50 minutos. Um salto gigante que me obrigou a fazer uma ginástica na minha vida diária e também um compromisso a nível pessoal e familiar pois o tempo que tive que dedicar à corrida durante estes meses foi incomparavelmente superior ao que estava habituado.
A estrutura dos meus treinos não mudou. Essencialmente: corrida continua na terça, séries na quarta, corrida continua na quinta, séries no sábado e longo no domingo. Descanso na segunda e na sexta. Apenas neste mês de janeiro tive bi diários à terça feira para poder aguentar melhor a carga. Este esquema apenas foi alterado em situações excepcionais como nas últimas três semanas. Na semana de 21 a 27 de Janeiro estive com uma gripe que me deitou completamente abaixo. Vários dias com febre, dores no corpo, dores de garganta daquelas que parece que temos uma lâmina presa no esôfago.
Não vou mentir e dizer que mantive sempre espírito positivo! Houve ali 2/3 dias que pensei mesmo que a maratona tinha ido à vida. Falhei 2/3 dias de treinos e tive uma semana até me sentir novamente confortável a treinar. O antibiótico (e restantes drogas...) deixou-me de rastos a nível muscular e a recuperação estava completamente hipotecada (obrigado Paulo Monteiro pela paciência!). As últimas duas semanas foram longas, tive dias com o André em que o treino era definido dia a dia e sinto que consegui recuperar a forma que tinha antes da gripe. Para trás fica apenas o medo de não ter feito aquele treino que dá a estaleca para a maratona: o treino de 35kms.
Voltando à abordagem que fiz/fizemos (o trabalho é tanto meu como do meu treinador!), existe uma coisa que foi completamente diferente das outras épocas: a definição do ritmo de treinos. Esta época pela primeira vez treinei tendo por base os batimentos cardíacos. No início da época correu tudo bem, a coisa só descambou quando começámos a introduzir os treinos intervalados. Nunca conseguia atingir o que o André me passava como zona pretendida e portanto a abordagem teve que se mudar. Os treinos de corrida contínua continuaram por bpms e os treinos intervalados voltaram a ter ritmos definidos. Impecável!
Como perceberam ao longo dos últimos meses, desliguei-me praticamente do mundo das provas e dediquei-me apenas ao treino. Confesso que é isto que me dá gozo! Treinar é aquilo que eu gosto de fazer, é aquilo que me faz distrair da minha vida quotidiana e dar-me outros objetivos na vida que não apenas os profissionais e familiares. As provas são apenas um apêndice que por vezes até nos deixam mais chateados do que motivados. Portanto, apenas fiz três provas com chip de competição ligado e uma apenas em treino.
Provas feitas:
O mais interessante é que no meio disto ainda fiz uma excelente prova nos 20kms de Almeirim, vingando assim 2017, obtive o 2º lugar na Corrida Dom Dinis (na minha cidade!) e bati o meu recorde pessoal aos 10km na São Silvestre da Amadora! Saldo bastante positivo para quem apenas se concentrou na maratona desde o início da época.
Ainda muito mais havia por dizer e cá para mim só meia-dúzia de pessoas é que chegaram a este parágrafo. Fica prometido pelo menos um artigo de pequenas coisas no equipamento que me acompanharam neste longo caminho.
Podia apenas ter escrito este artigo após a maratona. Mas depois o que é que interessa? Em Sevilha tudo pode correr bem, como tudo pode correr mal. Não sei o que me espera, são muitos quilómetros, é uma experiência completamente nova e embora acredite que fisicamente e psicologicamente esteja preparado, não sei vou conseguir cumprir os meus objetivos. Já sabem como eu funciono, o meu objetivo nunca se prende apenas por acabar uma prova. Se me dediquei, se me esforcei, se abdiquei de muita coisa, tenho que chegar lá e dar tudo o que tenho. E se falhar... prefiro nem pensar nisso!
Obrigado a todos por toda a força durante este caminho! No próximo domingo, é com ela que vou rebentar com tudo em Sevilha!
Tudo começou no Verão do ano passado. Eu e o André Filipe, o meu treinador, definimos que o plano começava logo a seguir à minha paragem para descansar. O plano de ataque? Primeiras semanas com poucos treinos, curtos e lentos. Lentamente, a carga foi aumentando. Mais dias de treino, treinos com maior duração mas tudo era apenas uma pequena amostra daquilo que me esperava nos próximos meses.
Sigam-me no Strava para ver todos os treinos: strava.com/athletes/voliveira89
Para terem uma noção, comecei a treinar na semana de 16 de Julho e fiz 45.2km. Passados dois meses na semana de 17 de Setembro já estava com 106.9km. Mas já sei como isto funciona, por isso vamos a números:
Desde o dia 1 de Outubro:
- Média de quilómetros: 107.5km
- Semana com mais quilómetros: 135km (7-13 Janeiro)
- Semana com menos quilómetros: 72.5km (21-27 Janeiro, semana da gripe...)
- Total de quilómetros: 2021.1km
Nas épocas passadas o meu número de quilómetros semanal variava sempre entre os 80km e 90km, tendo picos ocasionais de 100km. Durante os últimos meses houve semanas em que durante a semana cheguei a fazer treinos de 1h45m, enquanto nas épocas anteriores um treino normal era entre os 45 e 50 minutos. Um salto gigante que me obrigou a fazer uma ginástica na minha vida diária e também um compromisso a nível pessoal e familiar pois o tempo que tive que dedicar à corrida durante estes meses foi incomparavelmente superior ao que estava habituado.
A estrutura dos meus treinos não mudou. Essencialmente: corrida continua na terça, séries na quarta, corrida continua na quinta, séries no sábado e longo no domingo. Descanso na segunda e na sexta. Apenas neste mês de janeiro tive bi diários à terça feira para poder aguentar melhor a carga. Este esquema apenas foi alterado em situações excepcionais como nas últimas três semanas. Na semana de 21 a 27 de Janeiro estive com uma gripe que me deitou completamente abaixo. Vários dias com febre, dores no corpo, dores de garganta daquelas que parece que temos uma lâmina presa no esôfago.
Não vou mentir e dizer que mantive sempre espírito positivo! Houve ali 2/3 dias que pensei mesmo que a maratona tinha ido à vida. Falhei 2/3 dias de treinos e tive uma semana até me sentir novamente confortável a treinar. O antibiótico (e restantes drogas...) deixou-me de rastos a nível muscular e a recuperação estava completamente hipotecada (obrigado Paulo Monteiro pela paciência!). As últimas duas semanas foram longas, tive dias com o André em que o treino era definido dia a dia e sinto que consegui recuperar a forma que tinha antes da gripe. Para trás fica apenas o medo de não ter feito aquele treino que dá a estaleca para a maratona: o treino de 35kms.
Voltando à abordagem que fiz/fizemos (o trabalho é tanto meu como do meu treinador!), existe uma coisa que foi completamente diferente das outras épocas: a definição do ritmo de treinos. Esta época pela primeira vez treinei tendo por base os batimentos cardíacos. No início da época correu tudo bem, a coisa só descambou quando começámos a introduzir os treinos intervalados. Nunca conseguia atingir o que o André me passava como zona pretendida e portanto a abordagem teve que se mudar. Os treinos de corrida contínua continuaram por bpms e os treinos intervalados voltaram a ter ritmos definidos. Impecável!
Como perceberam ao longo dos últimos meses, desliguei-me praticamente do mundo das provas e dediquei-me apenas ao treino. Confesso que é isto que me dá gozo! Treinar é aquilo que eu gosto de fazer, é aquilo que me faz distrair da minha vida quotidiana e dar-me outros objetivos na vida que não apenas os profissionais e familiares. As provas são apenas um apêndice que por vezes até nos deixam mais chateados do que motivados. Portanto, apenas fiz três provas com chip de competição ligado e uma apenas em treino.
Provas feitas:
- 32ª 20 KMs de Almeirim
- Corrida Dom Dinis 2018
- Meia Maratona dos Descobrimentos 2018 (treino)
- 44ª São Silvestre da Amadora
Fonte: RUN 4 FFWPU |
Ainda muito mais havia por dizer e cá para mim só meia-dúzia de pessoas é que chegaram a este parágrafo. Fica prometido pelo menos um artigo de pequenas coisas no equipamento que me acompanharam neste longo caminho.
Podia apenas ter escrito este artigo após a maratona. Mas depois o que é que interessa? Em Sevilha tudo pode correr bem, como tudo pode correr mal. Não sei o que me espera, são muitos quilómetros, é uma experiência completamente nova e embora acredite que fisicamente e psicologicamente esteja preparado, não sei vou conseguir cumprir os meus objetivos. Já sabem como eu funciono, o meu objetivo nunca se prende apenas por acabar uma prova. Se me dediquei, se me esforcei, se abdiquei de muita coisa, tenho que chegar lá e dar tudo o que tenho. E se falhar... prefiro nem pensar nisso!
Obrigado a todos por toda a força durante este caminho! No próximo domingo, é com ela que vou rebentar com tudo em Sevilha!
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divagações
fevereiro 10, 2019
16
Se esperares 1h10 na meta eu dou-te um abraço!!! força!!!
ResponderEliminarEheheh depois vejo isso :p isto de ter mulheres à espera requer mais pressa :)
EliminarGrande preparação! Digna de atleta de elite que és! Muita força para domingo!!! Vais ter imenso apoio popular e todo o nosso!!! Grande abraço
ResponderEliminarEstou com uma grande expectativa para ver o público :) conto sempre com a vossa força!
EliminarVemo-nos no domingo! Grande abraço
Aguenta o corpo até aos 30km e a cabeça depois! Boa prova.
ResponderEliminarUma curiosidade, os longos a 3'50 ficam so 30" acima do teu ritmo de 10k, ainda assim vais em zona aeróbia? Impressionante, daí a questão.
Obrigado Igor!
EliminarEu em boas condições, um ritmo de 3:50/km facilmente faço abaixo das 160bpm. Tornou-se natural para o meu corpo andar a esse ritmo. Já em prova é diferente, as minhas bpms vão a 170 e tal penso (não costumo levar banda!) e facilmente sobem mais dependendo da prova.
Pensa positivo, mantém o foco e segue as indicações do André!! Vais ver que vai correr bem :)
ResponderEliminarObrigado André! Vamos ver no domingo :)
EliminarForça Vitor e rebenta com tudo :)
ResponderEliminarCertamente vai correr bem!
Grande Abraço
Obrigado pela força Edgar! Um abraço!
EliminarVai lá e arrebenta com tudo!
ResponderEliminarO trabalho está feito, agora é desfrutar da viagem e colher os frutos.
Interessante como a perspectiva muda: na adolescência treinava para competir, agora treino...por vezes nem me lembro de ir ver um calendário de provas.
Abraço.
Eheh pois eu em adolescente não fazia nada... Mas eu também é raro olhar para um calendário de provas, normalmente não me interessa muito..
EliminarUm avabra
Brutal!! Bora lá rebentar com Sevilha!!!
ResponderEliminarVamos lá ver se não é Sevilha que rebenta comigo ehehe
EliminarExcelente! Obrigado pelo resumo da caminhada!
ResponderEliminarDomingo, é ir buscar a medalha! Força, Vitor!
Forte abraço
Paulo Sousa
E muito ficou por dizer Paulo! Mas pronto nada que o pessoal já não saiba :)
EliminarObrigado pela força!
Abraço