Apesar de por esta altura já toda a gente saber o que se passou nesta prova, não queria deixar de o relatar neste meu cantinho que serve de arquivo a todas as minhas aventuras neste mundo da corrida. Tendo essas aventuras finais felizes ou tristes. Neste caso nem fiquei feliz nem triste. Apenas chateado. Demasiado até.
A história da minha participação nesta prova começa logo por um facto extra corrida. Como vocês sabem, eu estava a concentrar todos os meus esforços no Cross da Amora. Não tenho grande experiência em corta-mato e queria conseguir fazer uma boa figura naquela que seria a minha primeira prova num grande palco com a camisola do Vitória Futebol Clube. O trabalho falou mais alto, e foi-me marcado um voo para domingo ao princípio da tarde. Ora tendo que estar no aeroporto por volta das 13h, era impossível fazer a Amora ao 12:30. Felizmente a equipa, apesar de completamente desfalcada, conseguiu um prestigiante 3º lugar.
Apesar de ter ficado bastante desiludido por já não conseguir ir à Amora, fiz logo uma pesquisa para saber as provas que iriam haver durante o fim de semana. A minha primeira escolha foi a corrida Dom Dinis, na minha cidade. Infelizmente vi gorada a minha alternativa pois a organização disse que as inscrições já tinham fechado. Disponibilizei-me a pagar um valor superior, mas não serviu de nada. Acho que podiam ter aberto uma exceção para um atleta da terra, mas quem sou eu para contornar as regras. E assim entre as Galinheiras e a Corrida da Água, acabei a escolher aquela que me poderia dar mais gozo sendo uma organização local. No fundo, sabia que era uma má ideia tendo em conta o que tenho ouvido nos últimos anos. E como estava certo.
Cheguei à prova perto das 10h da manhã, pensava eu em cima da hora, mas como infelizmente é normal nas provas com escalões, não há horário que resista. Deu para me juntar às muitas caras conhecidas que andavam a fazer o aquecimento e deu para descontrair. E que bem preenchida iria estar a linha de partida. Definitivamente não iria ser um passeio no parque. Ah espera! Isso foi. Literalmente. Uma prova que eu conhecia (a minha última vez nas Galinheiras foi em 2015) por ser de estrada, foi uma prova que andou às voltinhas no parque. Mas já lá vamos.
A partida foi dada e mesmo tendo sendo as primeiras centenas de metros uma boa subida (como podem ver na foto em baixo), começámos num ritmo vivo e eu senti-me bem. O plano de treinos tem sido duro e ainda o tenho dificultado mais, não facilitando nos treinos de corrida contínua e fazendo as séries curtas em pista (há anos que não fazia isto).
O João Antunes e Pedro Arsénio que neste mundo dos amadores, são de outra categoria, não facilitaram e seguiam os dois na frente em grande ritmo. Mesmo o Arsénio estava com dificuldades em apanhar o João. Com os três primeiros quilómetros a 3:12/km, 3:17/km e 3:10/km, mesmo assim eu ia alternando entre o 3º e o 5º da geral. Só a partir do 4º quilómetro me comecei a distanciar e quando dei por mim estava completamente isolado em 3º lugar e às voltinhas num parque. Mal saímos da pista Prof. Moniz Pereira e entrámos dentro do Parque Oeste (ou Parque do Vale Grande? Encontrei estes dois nomes...) percebi que isto tinha tudo para correr mal.
As indicações estavam dadas por setas, que se a memória não me falha, eram vermelhas para quem seguia na primeira parte da prova, e azuis para quem estava a voltar. Qualquer organização de provas de estrada que se preze, sabe que as setas são meras ajudas. O que tem de haver são PESSOAS da ORGANIZAÇÃO. E era isso que praticamente não havia. Tantos e tantos "cruzamentos" naquele parque em que eu dei berros e não havia ninguém para me dizer o caminho correto. Com certeza que 99% das provas de trail estavam mais bem indicadas do que esta prova. Era apenas um desastre que estava à espera de acontecer.
Já completamente desgastado mentalmente com tantas indecisões e até meias "voltinhas" até perceber para onde tinha de virar, que ao 8º quilómetro tudo muda. Vejo uma seta azul a dizer em frente no chão e eu segui. E segui. E segui. Até chegar a uma rotunda, sem ninguém da organização que dava acesso para a via rápida. Tive que abrandar. Parar. Tive tempo para amaldiçoar tudo e todos. Voltei para trás, e de relance vi alguns atletas que eu sabia que seguiam bem atrás de mim, a passar numa ponte por cima. Voltei a impôr o ritmo, não estava ali para desistir, a classificação já não me interessava.
O José e o Flávio ficaram surpreendidos por de repente aparecer ao lado deles. A cabeça já não dava para mais por isso foi a altura de as pernas comandarem. Segui bem ao lado do Flávio, que foi uma ajuda preciosa e que não me deixou desistir. No último quilómetro seguíamos num ritmo alto e a certa altura ele diz-me "eu vou-te deixar passar à minha frente". Não era justo e não queria que isso acontece-se. E o que foi ainda mais injusto para o Flávio, foi na última centena de metros passarmos pelo senhor José Henriques que se diz organizador desta prova e eu não ter dito coisas bonitas em alto e bom som.
Cheguei à meta, parei e queria deixar o Flávio passar. Ele empurrou-me e passamos os dois. E de seguida não aguentei e explodi. Não foi bonito admito. E é apenas de ter sido mal educado que me podem acusar. Agora acusarem-me de ser batoteiro nas redes sociais e de não ser digno de vestir a camisola do Vitória Futebol Clube? De não estar inscrito na prova (esta então nem sei o que dizer, tenho o email dele, tinha dorsal, estou na classificação final...)?
Eu fiz mais 600 metros que a distância da prova. O Pedro Arsénio enganou-se EXATAMENTE no mesmo sitio do que eu, e só continuou com o 2º lugar porque não voltou para trás e lá conseguiu encontrar o o caminho correto (de tal forma que teve de ceder o 1º lugar ao João pois sem saber como ficou à frente dele). A prova tinha oficialmente 9.7km e houve uma série de pessoas nos primeiros 20/30 atletas que fizeram 9km. Bem, acho que se leram tudo até aqui, já perceberam o que foi este Grande Prémio das Galinheiras. Para terem noção, nem eu nem o Arsénio quisemos saber daquilo e fomos embora. Soube depois que tinha ficado num ridículo (não me levem a mal por favor) 8º lugar da geral.
Eu já participei na organização de muitas provas. Caramba, já estive na organização de provas com 10 vezes mais atletas que esta prova. Por isso tenho à vontade para dizer que o Grande Prémio das Galinheiras parece uma coisa de amador. Completamente inadmissível uma prova com 40 edições ter uma organização destas.
Desculpem este artigo, mas tinha de ser escrito. Grande Prémio das Galinheiras? Nunca mais.
Resultados: 40º Grande Prémio das Galinheiras
A história da minha participação nesta prova começa logo por um facto extra corrida. Como vocês sabem, eu estava a concentrar todos os meus esforços no Cross da Amora. Não tenho grande experiência em corta-mato e queria conseguir fazer uma boa figura naquela que seria a minha primeira prova num grande palco com a camisola do Vitória Futebol Clube. O trabalho falou mais alto, e foi-me marcado um voo para domingo ao princípio da tarde. Ora tendo que estar no aeroporto por volta das 13h, era impossível fazer a Amora ao 12:30. Felizmente a equipa, apesar de completamente desfalcada, conseguiu um prestigiante 3º lugar.
Apesar de ter ficado bastante desiludido por já não conseguir ir à Amora, fiz logo uma pesquisa para saber as provas que iriam haver durante o fim de semana. A minha primeira escolha foi a corrida Dom Dinis, na minha cidade. Infelizmente vi gorada a minha alternativa pois a organização disse que as inscrições já tinham fechado. Disponibilizei-me a pagar um valor superior, mas não serviu de nada. Acho que podiam ter aberto uma exceção para um atleta da terra, mas quem sou eu para contornar as regras. E assim entre as Galinheiras e a Corrida da Água, acabei a escolher aquela que me poderia dar mais gozo sendo uma organização local. No fundo, sabia que era uma má ideia tendo em conta o que tenho ouvido nos últimos anos. E como estava certo.
Cheguei à prova perto das 10h da manhã, pensava eu em cima da hora, mas como infelizmente é normal nas provas com escalões, não há horário que resista. Deu para me juntar às muitas caras conhecidas que andavam a fazer o aquecimento e deu para descontrair. E que bem preenchida iria estar a linha de partida. Definitivamente não iria ser um passeio no parque. Ah espera! Isso foi. Literalmente. Uma prova que eu conhecia (a minha última vez nas Galinheiras foi em 2015) por ser de estrada, foi uma prova que andou às voltinhas no parque. Mas já lá vamos.
A partida foi dada e mesmo tendo sendo as primeiras centenas de metros uma boa subida (como podem ver na foto em baixo), começámos num ritmo vivo e eu senti-me bem. O plano de treinos tem sido duro e ainda o tenho dificultado mais, não facilitando nos treinos de corrida contínua e fazendo as séries curtas em pista (há anos que não fazia isto).
Fonte: RUN 4 FFWPU |
As indicações estavam dadas por setas, que se a memória não me falha, eram vermelhas para quem seguia na primeira parte da prova, e azuis para quem estava a voltar. Qualquer organização de provas de estrada que se preze, sabe que as setas são meras ajudas. O que tem de haver são PESSOAS da ORGANIZAÇÃO. E era isso que praticamente não havia. Tantos e tantos "cruzamentos" naquele parque em que eu dei berros e não havia ninguém para me dizer o caminho correto. Com certeza que 99% das provas de trail estavam mais bem indicadas do que esta prova. Era apenas um desastre que estava à espera de acontecer.
Já completamente desgastado mentalmente com tantas indecisões e até meias "voltinhas" até perceber para onde tinha de virar, que ao 8º quilómetro tudo muda. Vejo uma seta azul a dizer em frente no chão e eu segui. E segui. E segui. Até chegar a uma rotunda, sem ninguém da organização que dava acesso para a via rápida. Tive que abrandar. Parar. Tive tempo para amaldiçoar tudo e todos. Voltei para trás, e de relance vi alguns atletas que eu sabia que seguiam bem atrás de mim, a passar numa ponte por cima. Voltei a impôr o ritmo, não estava ali para desistir, a classificação já não me interessava.
O José e o Flávio ficaram surpreendidos por de repente aparecer ao lado deles. A cabeça já não dava para mais por isso foi a altura de as pernas comandarem. Segui bem ao lado do Flávio, que foi uma ajuda preciosa e que não me deixou desistir. No último quilómetro seguíamos num ritmo alto e a certa altura ele diz-me "eu vou-te deixar passar à minha frente". Não era justo e não queria que isso acontece-se. E o que foi ainda mais injusto para o Flávio, foi na última centena de metros passarmos pelo senhor José Henriques que se diz organizador desta prova e eu não ter dito coisas bonitas em alto e bom som.
Fonte: RUN 4 FFWPU |
Eu fiz mais 600 metros que a distância da prova. O Pedro Arsénio enganou-se EXATAMENTE no mesmo sitio do que eu, e só continuou com o 2º lugar porque não voltou para trás e lá conseguiu encontrar o o caminho correto (de tal forma que teve de ceder o 1º lugar ao João pois sem saber como ficou à frente dele). A prova tinha oficialmente 9.7km e houve uma série de pessoas nos primeiros 20/30 atletas que fizeram 9km. Bem, acho que se leram tudo até aqui, já perceberam o que foi este Grande Prémio das Galinheiras. Para terem noção, nem eu nem o Arsénio quisemos saber daquilo e fomos embora. Soube depois que tinha ficado num ridículo (não me levem a mal por favor) 8º lugar da geral.
Eu já participei na organização de muitas provas. Caramba, já estive na organização de provas com 10 vezes mais atletas que esta prova. Por isso tenho à vontade para dizer que o Grande Prémio das Galinheiras parece uma coisa de amador. Completamente inadmissível uma prova com 40 edições ter uma organização destas.
Desculpem este artigo, mas tinha de ser escrito. Grande Prémio das Galinheiras? Nunca mais.
Resultados: 40º Grande Prémio das Galinheiras
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Galinheiras
novembro 23, 2019
4
Isso é brincar com o esforço dos atletas!
ResponderEliminarUm grande abraço solidário
Foi mesmo João... Nunca me lembro de ter saído assim de uma prova. Um grande abraço
EliminarOs cães ladram e caravana prossegue!
ResponderEliminarAbraço!
Estive quase para escrever isso no Facebook... Mas é isso mesmo! Abraço!
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