Análise Kiprun KS900



Esta época faz 10 anos que comecei a levar esta coisa da corrida um pouco mais a sério. Obviamente houve uns altos e baixos neste caminho, mas já me posso considerar um adolescente nestas andanças. E como um quase adulto neste desporto, já experimentei muitas marcas e modelos de ténis. Ao longo dos anos foram poucas as peças de equipamento que me fizeram dizer: “quero mesmo experimentar isto”. E não tenho problema nenhum em admitir isto: muito menos tive esse pensamento com equipamento da Decathlon. Mas acho que todos sabemos que esse modo de pensar sobre a Decathlon mudou nos últimos anos. E há cerca de um ano, surgiu no mercado um modelo que me fez mais uma vez refletir sobre este facto. A primeira vez que vi e li sobre os KS900 pensei: porra, quero experimentar isto!

Neste mundo carbonizado, parece que toda a gente que pratica este desporto sofre da mesma ansiedade: qual o modelo mais rápido? Qual o melhor modelo com placa de carbono? Confesso que este pensamento me faz confusão. Na minha forma de pensar, os ténis com que vou competir são o mínimo das minha preocupações. Fazendo um paralelismo: porque é que há pessoas que gastam 2000€ numa cama e depois gastam 100€ ou 200€ no colchão? Esquecem-se que o colchão é onde passamos tipicamente 1/3 do nosso dia! A mesma coisa com os ténis: para que tanta preocupação com a competição, se a maior parte do tempo estamos a treinar? E é por isso que os Kiprun KS900 me despontaram tanto interesse.




Antes de falarmos sobre as promessas da Decathlon, vamos começar pelo design. No site podemos ver que existem 5 cores disponíveis. Mas não vou mentir, a única que realmente gosto é mesmo este modelo. Sou um eterno apaixonado da combinação de preto com laranja. Acho que podiam ser um pouco mais minimalistas, como por exemplo a mesh ser preta, mas no geral gosto do look and feel dos KS900. Até o pormenor do degrade do laranja e branco da sola, está muito bom. E se há coisa que este modelo transmite é qualidade. A construção inspira confiança, notando-se o cuidado da marca em construir um modelo que vai fazer muitos quilómetros. Até têm aquele “laço” no calcanhar que 1% da população usa. Um excelente pormenor (muitas vezes menosprezado) são os atacadores, pois é feito num material que faz com que os mesmos não se desapertem facilmente.

Correndo o risco de me repetir: grande parte do tempo que passamos a correr, é em treino. Portanto se há coisa que queremos enquanto o fazemos é conforto. E neste aspeto os KS900 são de topo. Esta sensação é transmitida logo quando os calçamos, mas fica realçada após alguns treinos (de notar que no primeiro treino os senti algo duros, sensação que ficou dissipada logo no treino do dia a seguir). O conforto na passada é excelente, quer a nível do amortecimento, que falarei a seguir, quer a nível do próprio acolchoamento do próprio interior. E este conforto em nada parece afetar à respeitabilidade, tendo já treinado com eles com 1 grau de temperatura quer com 20 graus. Sempre confortável!




Penso ser no amortecimento que este modelo alcança o seu expoente máximo. A espuma MFOAM foi uma aposta ganha por parte da Kiprun e transmite uma passada confortável e estável quer em ritmos lentos (5:00-6:00/km) como em ritmos mais rápidos (3:40-4:00/km). Não me pareceram transmitir uma passada super estável para intervalados (estou a falar de ritmos de 3:00/km), mas conseguem cumprir essa função se necessário, ao contrário de uns ASICS Novablast que neste regime já conseguem ser mais penosos. Para este todo conforto na passada, também contribui o facto de terem um peso super interessante: 246gr no número 41 (por exemplo, os Novablast 2 pesam 281gr no número 41.5).




Sabem que o último tópico que costumo falar sempre é relativo à sola. Quanto à durabilidade da mesma parece que não há nada a apontar. Após praticamente 100km mantém-se inalterada. Mas chega o momento da verdade: como se portam relativamente à aderência? E meus amigos, acho que a Kiprun/Decathlon conseguiu fazer um modelo que nada fica a dever à sola da Continental e Adidas. Já corri com eles com piso húmido, com piso húmido e temperaturas basicamente nos 0 graus, a chover, calçada portuguesa húmida… e nunca senti um momento de insegurança. Não teria problema absolutamente nenhum em apontar alguma falha neste aspeto, mas a verdade é que merecem nota 10 neste aspeto.

Concluindo, acho que pouco mais há a dizer. Já perceberam pelo longo artigo que fiquei rendido a estes KS900. A Kiprun promete até 1000km de duração do efeito de amortecimento da espuma MFOAM. Pelo preço que custam (longe vai o tempo em que facilmente se arranjava modelos de qualidade por menos de 100€), arrisco-me a dizer que são um no brainer para parceiros de treino. 200% recomendados!

Pontos Positivos
+ Preço
+ Conforto
+ Respirável
+ Amortecimento
+ Peso
+ Aderência

Pontos "assim-assim"
+- Alguns elementos do design poderiam ser melhorados 

Pontos Negativos
- Nada a apontar

Onde comprar? 
Nota: Entretanto sairam os KS900 Light... e tenho a dizer que a nível de design agora sim me enchem as medidas! Podem ver aqui:
análise
março 11, 2023
0

Comentários

Search

Popular Posts

Olá Garmin Connect!

Num dos meus últimos artigos, referi que estava a ponderar deixar de usar o Str…

Análise Nike Pegasus 39

Eu tenho uma opinião muito própria sobre o calçado da Nike. Essa opinião foi fo…

Análise Kiprun KS900

Esta época faz 10 anos que comecei a levar esta coisa da corrida um pouco mais …

Análise Puma Deviate NITRO 2

Começo por fazer uma declaração de interesses. Não, não pensem já que isto foi …

Análise Adidas Supernova Rise

Se há marca que me deixa de sentimentos completamente trocados é a Adidas. É da…

Contact Me