Corrida das Fogueiras 2024



Sim eu adoro as Fogueiras, sim toda a gente sabe disso, sim é uma das provas mais apreciadas por todos os atletas, sim o público é fantástico, sim a organização recebe muito bem os atletas… bem já perceberam. Estar-me a repetir todos os anos sobre esta prova, seria estar a escrever para encher chouriços. 

Este ano já há vários meses que tinha a mira apontada às Fogueiras como um dos objetivos da época. Era uma prova que calhava exatamente uns dias antes de começar uma paragem para férias (que acabaram por não acontecer devido a questões familiares), e acima de tudo tinha umas contas a ajustar depois do desastre do ano passado. Nem vale a pena estar entrar em pormenores sobre a merda que essa prova foi (adoro mesmo assim a quantidade de trocadilhos que dá para fazer com o que aconteceu). No entanto, com a paragem forçada nos treinos, todo esse objetivo foi por água abaixo. 

Nesse dia cheguei a Peniche sem grandes expectativas. Sentia-me bem, mas não me sentia tão rápido nem tão leve como em certos momentos da época antes de, pronto, levar com um carro em cima. Algo de diferente de outros anos foi o tempo espetacular que se fazia sentir: pouco vento e uma temperatura amena. Se no ano passado até frio passei, este ano até calor senti durante a prova.

Depois de um bom aquecimento com malta conhecida destas andanças, para variar cheguei ao bloco de partida novamente durante o hino de Portugal (tradição em Peniche antes do tiro de partida). Obviamente não fiquei particularmente bem colocado, mas também o meu objetivo não era sair à “maluca”. Algo curioso que me aconteceu: após o tiro de partida, rebentaram daqueles canhões de confetis. Não sei de quem foi a infeliz ideia de apontar aquilo para os atletas, mas houve um que me rebentou mesmo a uma distância ridícula do braço, ficando com a zona dorida ainda durante algum tempo.



Os meus primeiros quilómetros foram conservadores. Tinha muitos atletas à minha frente, mas foquei-me no “meu trabalho” e não me preocupei com classificações nem se este ou aquele atleta naquele dia estava à minha frente e não era “normal”. No entanto, foi isso que ainda tornou esta prova divertido, pois acabei por fazer vários quilómetros de trás para a frente e passar por atletas conhecidos (e até amigos) de longa data, e correr e puxar por eles durante um bom tempo, até descolar para o atleta ou grupo seguinte. Apesar da sensação de estar a andar “lento”, ainda passei com 16m02s aos 5km. Curiosamente, melhor do que a minha última prova de 5.000m que foi uma autêntica lástima.

Foi por esta altura que apanhei um grupo em que seguia aquele que iria ser o meu companheiro durante o resto da prova: o Carlos Tiago da Run Tejo. O facto de ter encontrado alguém que seguisse ao meu ritmo e que não estivesse a demonstrar sinais de quebrar, fez com que a minha prova fosse para todo um outro nível. Quem já fez as Fogueiras sabe perfeitamente que a partir dos 6/7km a prova se torna um sobe e desce tramado. E foi aqui que parece que a coisa estava “destinada” para correr ao lado do Carlos. Bastou 2/3 segmentos de sobe e desce para perceber onde nos íamos complementar: a descer o Carlos era uma máquina e eu via-me grego sequer para ir atrás dele, mas a subir conseguia ser eu a puxar por ele. E assim nos fomos revezando… até às últimas centenas de metros.




Como se costuma dizer, não há milagres. Se até ali me estava a aguentar a ritmos que pensei que não seriam possíveis com tão pouca preparação, quando chegou o momento de decisão e de puxar dos galões, nem dando tudo o que tinha consegui acompanhar o Carlos. De forma alguma estou a dizer que se estivesse a 100% (e em pico de forma) que teria conseguido disputar o sprint com o Carlos, mas com certeza não me tinha sentido tão impotente face ao ritmo que ele impôs no final para cortar a meta antes de mim. Para terem noção da diferença de desempenho no final, ele passou 7 segundos antes de mim.

Com este último parágrafo, parece que acabei a prova chateado e frustrado (como há um ano atrás). Nada mais longe da verdade. O meu estado foi de surpresa e espanto quando vejo que bati o meu recorde pessoal (feito nas Fogueiras em 2022) por uns estonteantes 19 segundos! Cortei a meta com 49m09s, para um 7º lugar da geral e um 5º lugar do escalão




Não há mais nada a dizer, depois de tudo o que aconteceu, da impotência e frustração que senti quando percebi que iria estar parado durante muito tempo, as horas intermináveis em cima da bicicleta para tentar não perder a forma por completo, as dores mesmo assim que sentia enquanto as costas não aqueciam… tudo isto e mais alguma coisa compensou ao cruzar aquela meta perante o público maravilhoso de Peniche. Olhar para o mostrador digital e perceber que tinha batido um recorde pessoal, foi quase como se o Universo se tivesse equilibrado outra vez.

Mas dali a uma semana haveria mais… e as surpresas iriam continuar.

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Resultados: Corrida das Fogueiras 2024

Corrida das Fogueiras
agosto 21, 2024
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