Já lá vão mais de 10 anos que tenho a mania que gosto de correr. Apesar disso, é incrível como mesmo assim existem provas tão perto de casa que nunca fiz. A Marginal à Noite era uma dessas provas. E se a minha vida de atleta amador já passou por uma aldeia em Sintra e Odivelas, agora morando em Carcavelos ainda mais idiota era o facto de ainda não ter estado presente nesta prova. Para terem noção, eu quase que chegava mais rápido a pé à prova do que indo de carro.
No dia da prova estava tão descontraído, que não sabia nada da prova. Onde começava, onde acabava, qual o percurso, e ainda melhor: estava convencido que era às 21h quando na verdade era às 21h30. A verdade é que todos nós sabemos que quando estamos com este estado de espírito é que saem as maiores surpresas. Após algum convívio com a equipa do GFD Running (sendo o GFD parceiro na organização da prova), seguiu-se um bom aquecimento (feito em equipa) em jeito de reconhecimento do percurso. Obviamente a marginal é a marginal, e não há muito a dizer. Tantas provas que já corri ali, e tantos treinos que faço na zona. A única diferença aqui seria correr à noite. E que diferença fez! Adorei fazer a prova, e aquele final com o público e luzes (e até fogo de artificio na partida), dá-me vontade de voltar para o ano.
O foco para esta prova esteve longe de ser total. Mesmo com o contratempo de levar com um carro em cima, o foco do treino continuava a ser a Corrida das Fogueiras. E tendo em conta o pouco volume desta prova (7,79km com base no relógio), este foi dia de bidiário, tendo feito um treino de manhã com um volume de quase 16km (que incluiu um trabalho de 8x300m). Portanto, não vou dizer que estava com as pernas frescas na linha de partida, porque estaria a mentir. Mas felizmente, não me sentia cansado e isso era bom sinal.
Como seria de esperar numa prova tão curta, a partida foi agressiva. Não cometendo o erro que tinha feito na Corrida de Santo António, optei por me resguardar e seguir num ritmo controlado. Obviamente, o facto de estar a fazer o segundo “treino” do dia ajudou a não ter esse ímpeto. Apesar disso, a experiência acaba por ajudar, e sabia que a distância da prova não era assim tão curta, e que mais tarde ou mais cedo iriam existir vários atletas que iriam começar a quebrar.
Pelos 3kms acabou por se juntar a mim aquele que seria o meu companheiro na prova até quase aos metros finais. Se não fosse o Santiago do Núcleo de Oeiras, penso que esta prova poderia ter acabado na frustração da Corrida de Santo António. A entreajuda entre eu e o Santiago, fez com que mantivéssemos um ritmo quase sempre certinho, sempre abaixo dos 3:20/km (sendo que este era o meu pace alvo), e passando diversos atletas praticamente até ao último quilómetro. Curiosidade engraçada, quase que me tive que chatear com o Santiago durante a prova. Eu e ele fomos trocando algumas palavras, mas ele teimava em tratar-me por você. Eu nem o meu patrão trato por você.
O penúltimo quilómetro é o mais agressivo desta prova (mesmo que esteja a falar apenas de 9 metros de acumulado), mas que quem correr a estes ritmos sabe o quanto custa. E foi aqui que disse ao Santiago por várias vezes para seguir a vida dele porque eu ainda sentia que não tinha pernas para aguentar aquilo. Apesar dele se ter distanciado um pouco, acabei por apanhá-lo novamente. E foi aqui que acabei por dar tudo aquilo que tinha, tendo passado a linha de meta a 6 segundos do Santiago. Mesmo sabendo que estava a correr com declive negativo, foi motivador olhar no final para os splits e ver que os últimos quase 800m foram a 3:00/km.
Acho que esta cara e pose demonstra bem o estado em que passei a meta :) |
Passei a meta em 13º da geral, o que obviamente não me interessava para nada. O tempo oficial de 25m15s muito menos pois a distância da prova nem é carne nem é peixe. O que me motivou para as semanas seguintes de treino e provas, foi ver o ritmo médio final de 3:15/km. Naquela noite a motivação saiu em alta pois percebi que finalmente o meu estado de “coxo” estava a ficar para trás e finalmente o corpo estava a começar a responder.
Mas tal como disse no artigo anterior, o melhor ainda estava para vir!
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Resultados: Marginal à Noite 2024
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