Análise Kiprun KD900 Light



Desde há quase um ano para cá comecei a fazer regularmente sessões curtas de treinos intervalados. Estas sessões, vão desde os 100 metros até 200-300 metros, sendo tipicamente um terceiro treino de qualidade na semana como complemento a um treino de corrida contínua. O objetivo é estimular a velocidade, coisa que não abunda nestas pernas. Como não costumava fazer este tipo de trabalho, comecei a perceber que o calçado de hoje em dia não dá as melhores sensações nestes trabalhos curtos, mesmo se estivermos a falar de uns Vaporfly ou semelhantes (e como seria um desperdício de “dinheiro” acrescentar desgaste a este tipo de modelos caríssimos de competição).

Como sabem sou sempre honesto nos meus artigos, e mesmo não tendo qualquer tipo de apoio da Decathlon/Kiprun, aprecio mesmo muito os modelos que eles estão a produzir, principalmente nos modelos para corrida contínua e treinos rápidos. E foi com surpresa que em contra corrente com (quase) todas as outras marcas (exceção feita talvez aos Nike Streakfly) a Kiprun lançou os Kiprun KD900 Light, que iam de encontro mesmo ao que eu estava à procura: algo com uma sola mais rasa, leves, e sem grande amortecimento de forma a sentir mais o chão na passada.




E a verdade é que este modelo correspondeu totalmente! Com um drop de apenas 6mm e um peso de 196 gramas para o tamanho 42, a sola mais “minimalista” (mesmo assim longe do passado como os meus antigos Asics Flame Racer) permite-me sentir e atacar o solo de forma mais agressiva do que quase tudo o que é ténis/sapatilhas de competição atuais. Seja em pista ou alcatrão, as sensações que tenho com os KD900 Light são excelentes. Mesmo quando procuro apoiar mais o calcanhar, ou porque estou a fazer uma passada mais lenta, ou porque simplesmente já começo a acusar a fadiga da técnica que o ataque com a parte da frente do pé exige em velocidade, sente-se um bom amortecimento e conforto na passada. Isto obviamente só acrescenta versatibilidade ao modelo, pois permite que a sua utilização não se prenda apenas para distância “super” curtas.

O conforto quando se calçam é muito bom, apenas pecando por serem algo mais estreitos que o habitual na marca. No meu caso apesar de reparar que são mais “apertados” estou confortável com isso, mas fica o aviso para quem sofre com modelos mais estreitos que este modelo pode não ser o indicado. Passando a redundância de se chamarem “Light”, a respirabilidade está no ponto certo, não tendo até agora tido problemas nesta área. E todos nós sabemos o quanto os pés aquecem quando estamos a dar tudo naquelas séries de 100/200 metros.

Desculpem a sola suja :)



Voltando à sola, a espuma que a VFOAM que a Kiprun tem vindo a utilizar nota-se perfeitamente em cada passada que damos com os KD900 Light, sentindo uma excelente responsividade mesmo tendo uma sola tão “baixa”. E descendo mais um pouco na sola, não me canso de repetir: neste momento a Kiprun está no top 3 (juntamente com a Puma e a Adidas) nas solas com melhor aderência do mercado, e este modelo torna a não desiludir nesta área.

Concluindo, já perceberam que recomendo os Kiprun KD900 Light. Mas espero que tenham percebido, que este modelo tem o seu objetivo e que pode até pode nem ser necessário no vosso esquema de rotatividade de calçado. Se procuram algo completamente sem carbono (estou aqui a excluir modelos como os Saucony Endorphin Speed ou os Puma Deviate Nitro), e que sejam para correr a ritmos elevados, este modelo pode (e deve) ser o que vocês procuram.

Pontos positivos
+ Respirabilidade
+ Peso
+ Conforto (excluindo o facto de serem estreitos)
+ Responsividade

Pontos “assim-assim”
+- Durabilidade (não vou ter possibilidade de aferir isto a curto-prazo pois não é um modelo que vou usar regularmente)
+- Preço (acho que um preço abaixo dos 3 dígitos podia ser mais adequado)
+- Versatibilidade

Pontos negativos
- Conforto (pelo facto de serem algo estreitos o que pode prejudicar alguns pés)

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outubro 16, 2024
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