Meia Maratona dos Descobrimentos 2024



Confesso que estes últimos meses têm sido difíceis de engolir a nível de prestações. Por uma ou outra razão de atleta amador, as provas não têm saído como eu quero, e verdade seja dita, não têm saído como eu tenho treinado. Esta Meia Maratona dos Descobrimentos, sendo o primeiro real objetivo da época, não podia ter saído mais ao lado.

Se há coisa que eu não posso culpa pela minha afirmação em cima, é o treino. Não foi sem espinhas, como em qualquer bloco de treino longos, existem sempre falhas, toques, treinos não conseguidos. Mas verdade seja que acabou por ser um bloco super produtivo, em que até fiz a minha primeira “prova” com um treino antes (e com 3 horas de sono e uma ida às urgências horas antes), boas doses de volume, muita “paulada”, e ainda com a nutrição a voltar a estar “on track”. Se as condições e a representação competitiva assim o permitissem, os Descobrimentos teriam tudo para correr bem.

Na manhã da prova percebeu-se logo que a nível de temperatura a coisa estava “ok” mas com um bom vento a sentir-se na Avenida Brasília vindo da direção do Parque das Nações. Aquele dia não ia ser para recordes pessoais, e eu estava bem com isso, pois eu o meu treinador estávamos em sintonia que provavelmente não estava “no ponto” para isso. Aquecimento na boa companhia dos meus colegas do GFD Running feito, e como exceção à regra, fui com tempo para o bloco de partida. Olhei à minha volta e vi que apesar de estar longe do número do ano passado, havia excelentes atletas a alinhar na partida este ano.

A partida foi dada e cedo me integrei no grupo da frente da prova, deixando-me ficar na cauda do mesmo. Durante os primeiros quilómetros seguíamos num bom ritmo, se bem que um pouco mais elevado do que era suposto para mim, passando aos 5km com uma média de cerca de 3:14/km. No bloco de partida, um dos meus colegas de equipa tinha referido que um dos atletas candidato à vitória tinha a “mania” de correr aos “puxões”. Mal passámos os 5km, percebi bem o que ele quis dizer. De repente senti o grupo a dar um estica a nível de ritmo que praticamente não consegui acompanhar.


Lentamente eu e o meu colega de equipa Avelino começámos a ficar para trás. Naquele momento pareceu-me a opção certa. Seguíamos a um bom ritmo, e se continuássemos naquele pace contra o vento, tinha tudo para correr bem quando déssemos a volta. Mas infelizmente não foi assim que aconteceu. Pelos 7km, o meu colega Avelino começou a ingerir o seu gel (o que me levou a lembrar de ingerir o meu mais à frente, coisa que não fazia desde a minha espécie de maratona em Coimbra) e passado umas centenas de metros começou a abrandar abruptamente. Mais tarde soube que ele parou completamente porque com a toma do gel o batimento cardíaco lhe subiu abruptamente e ele decidiu abrandar e parar para recuperar. A partir daqui, começou o que eu temia que acontecesse neste dia: correr sozinho.

Eu sempre adorei ir a todo o tipo de provas, mas já o confessei por várias vezes que neste momento gosto de ir às provas para me sentir desafiado, sem pensar na classificação, nem no acrílico do pódio no final. Quero sentir o prazer da competição, seguir no limite com quem é melhor do que eu, e crescer em todas as provas. Correr 12 quilómetros sozinho, não se encaixa nesta filosofia. Mas também não estava ali para desistir. Ainda com o grupo da frente no meu campo de visão, passei aos 10km com 32m56s. Isto seriam excelentes perspectivas se os 2km seguintes não fossem uma dura luta contra o vento e o meu ritmo subir para cima dos 3:30/km.


Após o desejado retorno, consegui elevar novamente o ritmo para 3:22/km , longe do que eu queria fazer, mas mais aceitável. Mas após novamente o número mágico de 2km e entrando no famoso empedrado da Ribeira da Naus (esta parte não dá mesmo para evitar? A organização após estes anos todos não percebe que nenhum atleta gosta de passar ali?), o meu ritmo cai novamente e foi neste momento que a mente acabou por vencer: na minha cabeça a minha classificação não se ia alterar, não ia bater recorde nenhum pessoal, por isso mais valia poupar as pernas e tentar seguir num ritmo de cruzeiro. Como eu estava enganado.

Aos 18km fiz algo que ainda não tinha feito durante a prova inteira. Não me perguntem porquê, mas naquele momento pensei em olhar para trás, e vi-o: o Avelino seguia num ritmo brutal ao meu encontro. Foi uma questão de segundos até começar a correr ao meu lado e para eu perceber que ele vinha com um ritmo que eu já nem conseguia impor a mim mesmo. Mas dei tudo o que podia e seguimos os dois enquanto eu consegui. Sentia as pernas com o ácido láctico acumulado fruto de ter abrandado o ritmo, e percebo que era uma questão de tempo até o Avelino descolar e seguir sozinho.


Apesar da desilusão ao passar a meta, só tenho a agradecer ao Avelino por aqueles últimos quilómetros. Para terem noção passei de 3:34/km para 3:17/km (sendo esta a média +- dos últimos 3km). Terminei em 6º da geral com um tempo de 01h11m24s. Uma diferença de 2 minutos para o ano passado, mas que espelha bem como uma decisão apenas durante uma prova pode deitar tudo a perder. E essa decisão era simples: devia ter ido com o grupo da frente. Sentia-me bem, eram um grupo de 4 atletas, simplesmente devia ter deitado a precaução para o lixo e ter sido ambicioso. Se não aguentasse o andamento… provavelmente pior do que foi não tinha sido. Só deixar uma nota à organização. Mais uma vez, não estou aqui pelos acrílicos, mas numa prova onde sempre existiu pódios de escalão, uma prova já de boa dimensão, agora passar a só ter pódios na classificação geral? Uma infeliz decisão que deixou muito atleta apanhado de surpresa...

Agora segue-se um mês de muitas aventuras. Mas mais tarde falarei disso. Bons treinos!

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Resultados: Meia Maratona Descobrimentos 2024

Meia Maratona dos Descobrimentos
dezembro 5, 2024
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